quinta-feira, 12 de junho de 2014

Teoria das Nutrizes Por Klécio Souza

Teoria Das Nutrizes por Klécio Souza retirado de uma

 postagem feita pelo autor no Facebook.


    Há tempos verifico rainhas órfãs, pois recebo muitos enxames em tocos ficarem com os ninhos expostos por lenheiros, transitando por vários dias e perdendo todas as campeiras.  Eu observo por horas a fio tudo o que ocorre nos enxames; adoro fazer isso. Eu poderia ate dar nome a cada abelhinha.
    Percebi que a as nutrizes, ao nascerem, conseguem alimentar a rainha por 4 dias, mesmo sem haver pólen ou líquido larval na caixa.
    Passados os 4 dias, as nutrizes não mais alimentam a rainha, pois vão cuidar de outras tarefas. Nossas abelhas descendem da mesma abelha ancestral que há milhões de anos deu origem as abelhas de cada continente, quando os continentes ainda estavam juntos.

    Nas apis desenvolveu-se o ferrão e sua rainha é gerada e alimentada com geleia real ate o fim da vida. As abelhas sem ferrão são geradas por líquido larval, mas alimentadas com uma papa produzida pelas nutrizes, a qual não é armazenada em células reais.
Mesmo com o ferrão atrofiado nas nossas abelhas, a capacidade de produção de geleia real continuou, algo só visto no boca a boca ou beijo com a rainha.

    Quando se faz uma divisão, esta recebe um, dois ou três discos que vão dar origem a nutrizes.



 Abelha recém nascida
Foto: Meliponario Nativas Brasil

    Porém na maioria das vezes a postura da rainha nova não alcança o tempo para poder ser alimentada pelas suas próprias filhas. No primeiro período de fome ou má nutrição dela, falta
Células roídas

esse alimento que ela recebe das nutrizes, que deve ter alta concentração de nutrientes capazes de a manterem saudável, exalando seu feromônio que diz "eu estou aqui" (ou feromônio de dominação). Quando ela está desnutrida, ela não fica saudável, o que abaixa a sua produção de feromônio de dominação. As campeiras começam a não detectar a presença dela. Nesse caso, em uma colônia órfã (sem rainha) uma campeira, que normalmente vive 40 dias, pode viver até 80, pois ela pausa as atividades.
    Quando a rainha está com o feromônio de dominação baixo, as campeiras não forrageiam direito, fazendo a colônia perder a força. As operárias ficam desinteressadas nas atividades. Nessa altura começa a produção de discos pequenos; a rainha mal nutrida bota ovos mal nutridos, o que leva a larva a morrer depois que nasce, gerando células vazias e roídas.





Disco falhado
   Há outras teorias sobre castas e elites, bem como sobre operárias dominantes. Sugerem fornecer discos nascentes, a fim de diluírem o feromônio das intrusas, mas no caso não é isso que acontece, pois o que ocorre é uma explosão de nutrizes alimentando a rainha, ou seja, de desnutrida ela passa a ser nutrida, voltando a botar ovos férteis e saudáveis. Seu feromônio de dominação faz as operárias voltarem à atividade, e a colônia volta ao normal. Isto faz com que pareça haver a tal diluição do feromônio mencionado aqui.
    Se acaso é fornecido apenas um disquinho (há os que erroneamente economizam no fornecimento de material), há uma recuperação momentânea, mais o efeito curto faz voltar ao mesmo estado anterior, pois o pico de nutrizes cai de novo após 4 dias do nascimento das últimas nutrizes. Em cerca de 10 dias, a rainha ainda não terá filhas nascendo, comprometendo novamente o enxame.
Nas espécies que hibernam, as campeiras conseguem reverter a função da glândula, produzindo a papa larval.     Porém nas abelhas que não hibernam, isso não ocorre.
    Aliado a esse problema, ainda tem as possibilidades de princesa mal fecundada, talvez por ausência de machos maduros, podendo a rainha fecundar com um macho jovem que ainda não tem seus espermas maduros; estresse de região, o que se corrige facilmente; e problemas de temperatura e de intoxicação.
    O alimento da rainha é composto de ovos de campeiras - que produzem machos - e líquido gerado por abelhas nutrizes oferecido em sua "boca".
    Por isso é bom sempre ter 3 ou mais caixas compradas de pessoas idôneas, que vão fornecer enxames sadios com pelo menos 6 meses de vida, ou seja, com mais de 4 ciclos de postura sadia.




Autor: Klécio Souza


Nota: Recentemente tive a necessidade de aplicar esta técnica, doei discos para uma caixa com princesa fecundada que por falta de nutrizes não desenvolvia fisiogastria, foi um sucesso parabéns klécio pela gigantesca contribuição que vc fez a meliponicultura.



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